quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Polícia dá prejuízo aos traficantes de Bauru

O primeiro semestre deste ano foi de bons resultados para as polícias da cidade e tirou milhões das mãos dos traficantes. De janeiro a junho, as Polícias Civil, Militar e Federal apreenderam em Bauru o montante de 613,7 Kg de drogas, entre maconha, cocaína e crack. Se comercializado, o entorpecente renderia aos traficantes mais de R$ 3 milhões.

Os números vêm validar uma afirmação que já se faz saber: “O tráfico é hoje um dos negócios mais lucrativos do mundo todo”, nas palavras do delegado Luiz Augusto Puccinelli, assistente da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes). Ele explica que, justamente por movimentar muito dinheiro, o tráfico acaba envolvendo todo tipo de pessoa. 

“A gente percebe que muitas pessoas sem opção acabam sendo captadas pelo tráfico”. Esse, inclusive, seria um dos motivos para o envolvimento crescente de menores de idade que acabam sendo colocados pelos grandes traficantes nas chamadas “biqueiras”, pontos onde a droga é comercializada.

O delegado frisa que, além de ser uma cidade de transição para a droga que vem e vai para as capitais e fronteiras devido ao grande entroncamento rodoviário que passa por aqui, existe um consumo de drogas muito intenso dentro de Bauru, o que pôde ser comprovado em dados da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), conforme matéria publicada pelo BOM DIA no dia 25 de julho.

Um notebook apreendido em 7 de março, na região de Limeira, interior de São Paulo, revelou à polícia a representatividade do tráfico de entorpecentes como sustentação do PCC e trouxe a tona, entre outras coisas, o lucro obtido pela facção, que hoje é considerada uma das mais fortes do estado.

Os números chamam a atenção: Bauru está entre as cidades mais lucrativas ao tráfico do interior do estado. Em janeiro de 2012, o PCC faturou mais de R$ 85 mil na região de Bauru, lucro maior do que obtido em cidades maiores como São José do Rio Preto e Sorocaba.

Ação Intensa/ O delegado Luiz explica que, sabendo da intensidade do tráfico em Bauru, a Dise e as demais polícias atuam em diversas frentes com a intenção de chegar aos “grandes fornecedores”.

Assim, as investigações visam tanto o desmantelamento dos pequenos pontos de venda quanto a localização do grande traficante. “Quando a gente derruba a biqueira, consegue informações que ajudam a chegar até o grande traficante”, explica o delegado.

Essa atuação em múltiplas frentes tem encontrado, entretanto, dificuldades para ser realizada em Bauru. Entre os principais pontos críticos apresentados tanto pelo delegado Luiz quanto pelo capitão Alan Terra da PM está na tática que os traficantes aprenderam de não portar grande quantidade de drogas no dia a dia.

“O traficante guarda com ele só o que vai vender naquele dia para não correr o risco de perder muita droga e, assim, muito dinheiro. O resto fica muito bem escondido com os traficantes maiores ou em locais difíceis”, conta o delegado Luiz.

Por isso é consenso entre ele e o capitão que as pequenas diligências fazem diferença nas investigações. “Nossas ações  são imediatas, agimos de acordo com denúncias e absorção de informações”, explica Terra.

Luiz complementa: “As apreensões da PM vem pra Dise e somam às nossas investigações”.  

Maconha em quantidade/ A droga apreendida em maior quantidade nesse primeiro semestre foi a maconha. Dos 613,7 Kg apreendidos, 551,3 Kg foram de maconha.

Entre as justificativas para o número alto está o fato de a maconha ser uma droga mais barata, de o acesso à ela ser mais fácil, de o consumidor usá-la, geralmente, todos os dias e de ela ser vendida em maiores quantidades, já que o efeito em porções pequenas não é tão intenso quanto o do crack e da cocaína.

“Como a maconha é hoje uma droga de fácil acesso, é também mais fácil para a polícia chegar até ela”, pondera o delegado.

Quatro das principais rodovias do estado passam pela cidadeA Polícia Federal atua, principalmente, no tráfico de “trânsito”, que é aquele que passa por Bauru com destino a outras cidades. O delegado da Polícia Federal Ênio Bianospino explica que há um grande fluxo de drogas por Bauru devido a cidade ser um local de entroncamento de rodovias.

Quatro das principais  do estado passam por Bauru: Marechal Rondon, Comandante João Ribeiro de Barros  em SP 225 e 294 (trecho Jáu- Bauru e Bauru Panorama) e a Cezário José de Castilho.

Assim, Ênio pondera que Bauru é vítima de dois tipos diferentes de tráfico: à varejo, que está relacionado ao consumo interno,  e esse que é feito nas rodovias, em fluxo. Dessa forma, muitas das apreensões da PF de Bauru acabam ocorrendo em cidades vizinhas ou nas próprias rodovias. “No ano passado, nós apreendemos sete toneladas de drogas em uma caminhão que passava por Bauru. A droga não era destinada a Bauru, mas passava por aqui”, relembra o delegado.

Ele ainda fala do trabalho que a  PF de Bauru desenvolve em relação ao  Decreto 7.179, de enfrentamento ao crack. “Hoje, o Brasil é um grande consumidor. Assim, nosso foco é a apreensão de cocaína, porque o crack nada mais é do que a cocaína em forma sólida”, explica, ao que os dados não deixam dúvidas. Nesse semestre, a PF da cidade apreendeu mais de 30 kg  de cocaína.

Junto às apreensões de droga, a PF também  pegou  patrimônio relacionado ao tráfico. Casas em bairros como Bela Vista, Jaraguá, Vila Souto e Tangarás, chácaras no bairro Águas Virtuosas, veículos novos e semi-novos e contas bancárias estiveram entre os ítens confiscados. Em 17 operações, 15 pessoas foram presas.

Ainda assim, o delegado considera que o trabalho que a polícia faz em relação ao tráfico é como o “estancamento de uma hemorragia”, em suas palavras, alertando que são necessárias medidas abrangentes para terminar de vez com o problema. 
“Investimentos são necessários, assim como ações sociais, educacionais e esportivas”, diz.
PCC: maior facção do estado de São PauloO PCC (Primeiro Comando da Capital) é uma das maiores, senão a maior, entre as  facções criminosas do estado. O grupo funciona como uma rede, com sedes na maior parte das cidades do interior e, inclusive, dentro de prisões.
85.330 Foi o lucro em reais que o PCC teve em Bauru e região em janeiro de 2012, segundo dados obtidos pela Polícia Civil

Dados denunciam esquemaNos dados que a Polícia conseguiu captar com a apreensão do notebook de um dos grandes traficantes do PCC, constam detalhes da rede da facção. Além de lucros, o PCC contabiliza gastos que tem com traficantes e seus familiares. Entra na lista de despesas ítens como transporte e ajuda à família de presos e traficantes.

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